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Blog SLIDET - Notícias sobre Blur, Oasis, Verve, Richard Ashcroft, Graham Coxon, Gorillaz e The Good, The Bad and The Queen. |
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A batalha que balançou o rock
(18/08/05) "Eu espero que eles peguem Aids e morram." A Inglaterra comemora nesta semana, com especial na BBC (site, rádio e TV) , os 10 anos da guerra que sacudiu o Reino Unido, marcou o apogeu do movimento britpop e provocou a batalha mais pitoresca da música pop em muitos anos. Quando Cobain se matou e matou de vez o grunge, em 1994, o revolucionário som de Seattle já tinha mesmo seus dias contados no maior mercado de discos do planeta, o britânico. A cena pop inglesa começava a ferver com bandas boas e já passava a renegar a "onda americana", que dominava o mundo pop. Os britânicos, que só olhavam, pareciam esperar uma volta do Stone Roses, que não vinha. O movimento, nas entrelinhas, já estava formado desde 1993, quando a revista cool da época, a "Select", publicou uma capa com o Suede, Bret Anderson posando andrógino com uma bandeira do Reino Unido ao fundo, e a manchete: "Yanks, go home. Suede, St Etienne, Denim, Pulp, The Auters e the Battle for Britain". Mas em 1995 a coisa era real. O Oasis tinha aparecido como um cometa, o Blur estava a caminho de ser mega, o Radiohead lançou BENDS, qualquer cidadão inglês sabia cantar COMMON PEOPLE do Pulp, a Radio 1 (BBC) tinha trocado um monte de DJs por uma galera nova e o Elastica lançou o álbum indie de estréia que mais vendeu na primeira semana. Até que chegou o verão e uma certa semana de agosto. E o britpop explodiu. No dia 14 de agosto, foi travada uma guerra mercadológica sem precedentes na música britânica. Oasis e Blur, quando viram, tinham marcado lançamento de singles importantíssimos para o mesmo dia. Nenhuma banda grande programava lançamento de uma música de trabalho para o mesmo dia de outro grupo grande. Isso esfacelava as atenções, tanto nas caixas registradoras das lojas quanto nas rádios e na TV (Top of the Pops). Mas nem Blur, nem Oasis iam dar o braço a torcer um para o outro. Nenhuma das duas bandas quis adiar o lançamento de seu single. Depois de todo (bom) estrago causado pelo disco de estréia, o DEFINITELY MAYBE e do espetacular single SOME MIGHT SAY, o Oasis ia vir com ROLL WITH IT, o segundo extrato de seu novo álbum, (WHAT'S THE STORY) MORNING GLORY?, que sairia em outubro para mudar a história da música pop. Do outro lado do ringue, o Blur iria lançar o espetacular single COUNTRY HOUSE. A banda de Damon Albarn tinha acabado de vender dois milhões de cópias só no Reino Unido como o álbum PARKLIFE e a expectativa para o novo CD, THE GREAT ESCAPE, que sairia em setembro, era gigante. Quando a segunda-feira de lançamento dos singles chegou, praticamente todos os jornais e rádios e TVs na Inglaterra cobriram a chamada "batalha" pelo "single of the week", pela corrida ao número 1 das paradas. Lembro-me de estar em férias na Inglaterra, naquele ano, para assistir ao Reading Festival. E, claro, na própria segunda fui impelido a ir comprar os dois singles numa das Tower Records, acho. Era impressionante. Todas as grandes lojas de discos da ilha estavam enfeitadas pelos dois singles. Estandes enormes, uma para o Blur, outra para o Oasis, foram armadas logo na entrada. Quando a performance das paradas foi anunciada, no domingo seguinte, o Blur tinha vendido mais naqueles cinco dias: foram 274 mil cópias de COUNTRY HOUSE contra 218 mil de ROLL WITH IT, só na Inglaterra. A semana seguinte a repercussão do resultado ainda dominava as notícias dos jornais e TV. O bacana diário "The Sun" conseguiu um furo espetacular, entrevistando em Manchester a mãe dos Gallagher. Estava na manchete principal algo assim: "A música do Blur é alegre. Dá para acompanhar batendo o pé". Na época, o Blur era mesmo umas três vezes maior que o Oasis, em fama. E COUNTRY HOUSE era definitivamente talvez mais legal que ROLL WITH IT. A música foi a primeira do Blur a atingir o número 1 da parada de singles. O clipe, divertidíssimo, foi dirigido pelo famoso artista plástico britânico Damien Hirst. O Blur estava com tudo e Damon Albarn virou o rei da Inglaterra. Mas, se o Blur ganhou aquela batalha, o Oasis venceu a guerra. O Blur era uma banda mais "esperta", inteligente. Art rock, direto da universidade. Os irmãos do Oasis eram mais "simplórios", de rua. Povão, mesmo. Se isso fez alguma diferença num primeiro momento a favor do Blur, a história ia logo mostrar o contrário. Coisa de dois meses depois saiu o MORNING GLORY, dos Gallagher. E a Inglaterra, política e socialmente, nunca mais foi a mesma a partir dali. Em meio a guerra Blur x Oasis, uma incrível coincidência foi logo apontada. Um dos versos de COUNTRY HOUSE, do Blur, dizia: "He's got morning glory/ And life's a different story". * A frase que abre o texto acima é só uma exposição de idéias de Noel Gallagher, estimulado a dizer o que ele pensava da guerra Blur x Oasis e se referindo a Damon Albarn e "aquela bicha" do baixista Alex James, do Blur. * O site da BBC publicou os melhores momentos do britpop em 1995. E foi isso que saiu: - PJ Harvey no Glastonbury: foi histórica a apresentação da moça no palco Pyramid do Glastonbury daquele ano, cantando músicas do álbum TO BRING YOU MY LOVE e vestida de casaquinho rosa e, por baixo e à mostra, um sutiã preto. - Blur em Mile End: Damon Albarn estava com tudo e passava a tocar em estádios, graças ao sucesso do álbum anterior, o genial PARKLIFE, mais britânico que um pub. - Capa do single do Supergrass: O Supergrass lançaria em julho seu primeiro single, a ótima CAUGHT BY THE FUZZ. A capa era o ator Hugh Grant em um daqueles retratos de polícia com os números no peito. O ator galã tinha acabado de ser preso pela polícia de Los Angeles por ser pego na rua "for his solicitation of Divine Brown's oral services". Divine Brown era uma prostituta angelina que ficaria famosa depois do episódio. Foi o escândalo do ano. Grant era noivo, à época, da lindaça Liz Hurley. Os advogados de Grant conseguiram mudar logo a capa do single do Supergrass. - COMMON PEOPLE, do Pulp: um dos maravilhosos hinos do britpop. Música teatral, guardadas as gigantes proporções uma espécie de EDUARDO E MÔNICA britânica (hehehe). A letra, de um carinha "comum" tentando se relacionar com uma menina "filha de papai" que sonhava em ser uma menina... "comum". - ACQUIESCE, Oasis: quem acompanhou a banda dos Gallagher desde o começo sabe que ela é talvez tão famosa pelos seus singles do que pelos discos. ACQUIESCE não saiu em CD de estúdio. É um mero lado B do single SOME MIGHT SAY. Mas não a impede de ser uma das canções mais legais da história da música inglesa. - O álbum beneficente HELP!: O britpop reunido em 20 faixas para ajudar a instituição Warchild, que promovia eventos em benefício das sofridas crianças da guerra dos bálcãs, na antiga Iugoslávia. Tinha Oasis, Radiohead, Stone Roses, Portishead, Massive Attack, Suede, Charlatans, Manic Street Preachers... - CD "Grand Prix", do Teenage Fanclub: a banda britânica com o maior sotaque de rock americano. Até parceiro de turnê do Nirvana eles foram. Neste CD, eles fazem o crossover mais interessante de grunge (vá lá) e britpop. - pub The Good Mixer: graças à patronagem do Blur e de uma outra banda de britpop, a pequena Menswear, esse pub no norte de Londres virou o epicentro do britpop. Todo mundo da cena ia lá e eram tocados lá. - CD THE BENDS, do Radiohead: enquanto o Britpop olhava só para o próprio umbigo e para a briga Blur e Oasis, o Radiohead lançava o fenomenal THE BENDS e ia fazer grande sucesso em turnê pelos EUA. * Mais nomes bem votados e bem cotados para receber convite do Claro Que É Rock: The Killers, Oasis, System of a Down, Garbage, Billy Corgan, Travis, Muse, Stereophonics, Audioslave, Jet, Marilyn Manson, Incubus, Cardigans, Iggy Pop, Le Tigre. Por Lúcio Ribeiro - http://www.folha.com.br/
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